sábado, 1 de novembro de 2014

A verdade da vida

A verdade é que a vida é uma dádiva amarga — tão amarga que a iniciamos e terminamos com um grito de dor. A nossa própria dor pode todavia ser transformada em uma fonte de prazeres. As alegrias que experimentamos ao recordar nossos sofrimentos passados não são menores.
Procuremos, portanto, cultivar o bom humor que, afinal, nada mais é do que o senso de proporção. Contemplemos a beleza do espetáculo cósmico em volta de nós e a insignificância de nossas tribulações. Aprendamos a sofrer como atores no drama da vida, e aprendamos também a rir do nosso próprio sofrimento, como espectadores.
Limitemos nossos desejos. Estejamos satisfeitos com a nossa sorte. Se não podemos realizar nossas ambições, podemos ao menos reduzi-las ao nível de nossa capacidade. É mais importante saber com quem vamos comer, do que o que vamos comer.
Acredito que o único meio de ser feliz é compartilhar a amizade com outros. Não é possível viver agradavelmente a não ser com juízo, eqüidade e justiça.Não procuremos interferir nos prazeres alheios, se não desejamos que outros interfiram nos nossos. Não cometamos injustiça, para não sermos vítimas dela. Vivamos e deixemos viver.
Evitemos a excitação e o perigo. Mantenhamo-nos distantes da selvageria da guerra. Fujamos da imundície da política. Abstenhamo-nos do excesso de ódio e amor, porém cultivemos a amizade.
Façamo-la nossa religião. E estimemo-la. É uma coisa doce, bela e sagrada. O sentimento da verdadeira amizade é a única dádiva segura que possuímos neste mundo de valor duvidoso. Se os sofrimentos da vida podem reconciliar-nos com a morte, as alegrias da amizade podem reconciliar-nos com a vida.