terça-feira, 17 de março de 2015

Desabafo de uma Humilde Brasileira

Eu não sou de ficar calada, mas assim tenho me mantido. Não por não ter o que dizer – tenho muitíssimo. Há, porém um desgosto profundo pelo tanto que tenho lido por aí. Desde a segunda eleição da Presidenta, aqueles que apoiam o governo agem como se tivessem ganhado um campeonato de futebol contra um outro “time” de pessoas intelectualmente desfavorecidas, ou que não atingiram o grau de sapiência política deles. Tudo tem limite.
Nasci e cresci em uma família de classe média. Durante minha infância e adolescência, nunca tivemos uma situação financeira “folgada” para que meus pais me enviassem para visitas anuais à Disney, mas nunca me faltou o essencial, uma vez que eles sempre garantiram que eu tivesse aquele que é o bem mais precioso: a educação. No lugar de videogames (nunca gostei muito deles) eu ganhava livros. Muitos, de todos os tipos. Mal posso mensurar o bem que eles me fizeram. Por conta de um gigantesco esforço do meu pai e da minha mãe, frequentei bons colégios e sempre fui boa aluna. Estudei muito e consegui uma vaga para cursar Farmácia exatamente e nunca mais parei de estudar: fiz especialização , pós graduação e me mantenho constantemente atualizada nos principais acontecimentos aqui e no mundo - algo que todo cidadão deveria fazer. Aprendi idiomas, trabalho muito e, hoje, tenho alguma condição de conhecer outros países e entrar em contato com outras culturas. 
Nesse sentido, considero-me uma pessoa com um grau de instrução bastante satisfatório, uma proeza no Brasil.Fui criada para amar o meu país, a minha família, e para ser uma pessoa digna. Por isso, muito me incomoda ler coisas do tipo “vou te dar um livro de História”, como se fosse a falta de conhecimento que me fizesse acreditar no que acredito, apoiar o que apoio. Chamar o outro de burro porque não concorda com você é de uma argumentação tão medíocre que não merece represália. Eu poderia facilmente rebater dizendo que tudo bem, ensine-me História e eu vou te ensinar Matemática, até porque, não é possível que as suas contas estejam batendo. Não é possível que você esteja satisfeito com os valores que está pagando nos bens mais básicos. Poderia também te ensinar a interpretar textos, pois não é possível que todos os jornais do mundo (e não só a…como dizem mesmo? Ah, a “imprensa brasileira golpista”) estejam errados. Ficaria um bom tempo discorrendo a respeito disso e embasando meus argumentos com fatos irrefutáveis. Não farei isso. Não vou me igualar.
Sim, votei no Aécio, não por apoiá-lo. Nunca votei no Lula, nem na Dilma, nem em nenhum integrante do PT. De certa forma, não compactuei com a sujeira que está acontecendo hoje. Ainda assim, aceitei a decisão da ligeira maioria que reelegeu a atual Presidenta, pois vivo em uma democracia e é assim que tem que ser. Portanto, não venha me chamar de coxinha, burguesa, elite branca ou quaisquer outros adjetivos que têm somente o intuito do menosprezo. Não venha me dizer que preciso estudar História e não acreditar na mídia, como se eu fosse uma espécie de tábula rasa que  absorve tudo o que vê, como se eu não tivesse a mínima capacidade de reflexão e pensamento crítico.
Os milhões de pessoas que foram ontem às ruas, neste dia 15 de março de 2015, não estão errados, não são piores que você em nenhum grau. O “panelaço” de alguns dias atrás não é menos digno do que a bandeira do partido que você defende. Todas essas pessoas – e aquelas outras milhões que ficaram em casa por variáveis motivos, mas apoiam o movimento – estão lutando contra uma das maiores vergonhas desse país: a corrupção. Estão fartos de pagar impostos gigantescos para financiar a sujeira do nosso governo. Estão se sentindo traídas por todas as mentiras que a atual Presidenta contou em seu discurso para se reeleger e está fazendo o contrário agora. Estão exercendo o direito delas, assim como você exerce o seu. Aceite isso.

Fazer pouco caso do posicionamento político do outro não faz de você melhor ou superior a ninguém. Faz de você um imbecil.