domingo, 26 de outubro de 2014

Vida

Neste tormento inútil, este compromisso 
Para fazer em silêncio o que canta em mim, 
Gritos em mim  que sobem para a garganta rouca 
Em um grito de loucura que me contenho. 

OH alma, charneca sacrossanta, 
Irmã dourada da alma que eu tenho, 
Diga para onde ir, de onde eu venho 
Nesta dor que me excita e germinar em mim! 

Visões de mundos novos, de infinitos 
Cadências de soluços e gritos, 
Queima da fogueira que me consome! 
Diga o que é essa mão que me arrasta? 
Mancha de sangue que pulsa e se espalha ... 
Diga do que é isso, que eu tenho sede e fome

Saudade

    Como traduzir um sentimento que em língua alguma, a não ser a nossa, se cristalizou numa única palavra? 
               Consideramos e proclamamos esse vocábulo o mais lindo que existe em qualquer idioma, a pérola da linguagem humana. 
               Ele exprime as lembranças tristes da vida, mas também suas esperanças imperecíveis. Os túmulos trazem-no gravado como inscrição: “saudade”. 
               A mensagem dos amantes entre eles é saudade. 
               Saudade é a mensagem dos ausentes à pátria e aos amigos.
               Saudade, como vedes, é a hera do coração, presa às suas ruínas e crescendo na própria solidão. 
               Para traduzir-lhe o sentido, precisaríeis , em inglês, de ao menos quatro palavras: remembrance, miss, grief e longing.
               Omitindo uma delas, não se traduziria o sentimento completo. 
               No entanto, saudade não é senão uma nova forma, polida pelas lágrimas, da palavra soledade, solidão.