segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Beijo

Dentre os muitos beijos disponíveis na literatura, penso em dois: aquele descrito na Montanha Mágica quando Clawdia beija Castorp e o ocorrido entre Bento e Capitu em Dom Casmurro. Se o primeiro não selou um destino, deu ao menos estofo para o rapaz colocar os pés no chão e abandonar um pouco as elucubrações  que ocupavam sua mente. O segundo... Bem, no segundo todo o mundo sabe o que aconteceu. Mais do que selar duas vidas, o evento, em sua forma enviesada, antecipou as frestas de uma mente torturada pela banalidade do cotidiano: em uma vida sem graça, o que vale um beijo?
- Que vale um beijo? Um acontecimento, sem dúvida. Observando um casal que se devora, todo língua, saliva, gestual, serpenteante, algo me intriga: - Por que a necessidade de exibicionismo? Por que ninguém escapa da tentacao de dar/assistir um espetáculo pelas esquinas? Estes beijos sumarentos importam? Eu olho e penso: Um beijo não e só o que se vê. Tem muito de autofelacao narcísica levada ao extremo. Debulha-se o outro como se fosse um falo alvissaro,  de onde se pode extrair a energia para a estrada de mais um dia.
Então eu não posso parar de pensar em minha avó : " Com esses beijos, todo o mundo se enche de bichinhos." - Bichinos Vo? Do que a senhora está falando? Risos de mofa :"Falo daqueles bichinhos invisíveis que matam não somente o corpo, mas principalmente a alma." Moralismo a parte, talvez ela estivesse sintonizada com La Serne : " As vezes o beijo não passa de um chiclete compartilhado."


POLITEIA

Jacornélio M. Gonzaga (*)

Politeia (do grego antigo: Πολιτεία ou Πολίτευμα, transl. Politeía ou Políteuma) era originalmente um termo usado na Grécia Antiga para se referir às muitas cidades-estado (pólis), que possuíam uma assembleia de cidadãos como parte de seu processo político.
Hoje em dia o termo geralmente é usado em referência a organização política de um grupo ou uma sociedade frouxamente organizada, tal como uma tribo ou comunidade, mas pode significar qualquer grupo político, incluindo um governo, império, corporação ou academia. Também é usado como sinônimo de comunidade eclesiástica. [http://pt.wikipedia.org/]
Politeia pode ser tudo isso acima descrito, mas, para mim, nada mais é do que aquela aprazível cidadezinha do interior, na qual eu passava as férias de minha infância e adolescência.
Ainda tenho na lembrança, dentre várias, que quando se aproximava o retorno à “cidade grande”, eu ficava na dúvida se no ano seguinte as ruas teriam mais paralelepípedos, o que dificultaria nossas “peladas”; se o sorvete do “Manuel Português”, embora vendido como de vários sabores, ainda teria o mesmo gosto não identificado; e, se o pastel do Teixeira ainda seria recheado de vento.
Mas, como tudo na vida passa, cresci e como não me filiei a nenhuma entidade de esquerda, tive que estudar e trabalhar. Paralelo a isso, surgiram novos objetivos de vida; descobri as diversões da cidade grande; conheci moças não tão recatadas quanto as politeianas; e as facilidades do novo mundo descoberto afastaram-me daquelas lúdicas férias.
Transcorridos mais de trinta anos, um sentimento tomou conta de mim. Não sei se de saudade ou de curiosidade, mas uma necessidade era certa, tinha que saber como estava a minha querida Politeia? Não pensei muito, arrumei as malas, sentei-me ao volante de minha conservada Brasília amarela e lá fui eu, naquele domingo de outubro, ao encontro de meu passado e dos “amigos que lá deixei”.
Enquanto dirigia por uma estrada pessimamente conservada, desviando de um trecho asfaltado aqui, outro ali, ou seja, procurando os buracos maiores, voava nas minhas pueris lembranças
Como muitas cidades do interior, Politeia era dependente de u’a mono cultura, no caso, a de cana de açúcar. O grande empregador da região era o “Engenho dos Explorados”, pertencente à tradicional família Ribamar Calheiros.
José Ribamar, chefe do clã organizado R & C, tinha um especial carinho por sua filha mais velha, de nome Política, a quem pretendia deixar todo o seu legado.
Na ponta pobre da sociedade politeiana estavam os bóias-frias, liderados pelo cortador de cana João da Silva, pai de Zé Povo e Maria Massa, e tio de Ignácio, menino experto, que desde pequeno se mostrava muito astucioso. Lembro-me bem, Ignácio não gostava de estudar e, muito menos de trabalhar.
Coisas do passado! A cidade deveria ter melhorado muito e aquelas mazelas provincianas deveriam estar enterradas. Política certamente se mudara para a cidade grande, Povo deveria ser um resolvido chefe de família e Massa, mesmo acomodada e inerte como era em criança, deveria ter casado e cheia de filhos.
E foi assim, recordando as pessoas importantes da cidade que transpus o enorme portal da cidade, onde se via escrito “BEM-VINDO A POLITEIA”. Logo após àquele símbolo demarcatório, que mais parecia o Arco do Triunfo (o francês), vinha uma enorme fonte, com direito a anjos, demônios, sátiros, boitatás, saci pererê, etc... Só não tinha água! O faraônico conjunto artístico mostrava a pujança do município. Que bom! Por lá, as coisas deveriam ter melhorado muito.    
A cidade estava toda “enfeitada”! Conclames às diversas candidaturas poluíam a visão de qualquer deficiente visual, transformando os espaços publicitários ou não, em verdadeiras araras eleitorais.
Morador de Brasília, onde não acontecem as renhidas e transparentes eleições municipais, esqueci-me daquele importante acontecimento que, naquele dia, ocorria no Brasil, a escolha dos alcaides e seus edis. Mas, certamente em Politeia, o clima deveria estar tranqüilo, a família Ribamar Calheiros, por intermédio do voto de cabresto, já deveria ter “eleito” mais um de seus representantes à frente do executivo municipal e povoado a Câmara Municipal com “outros” nove vereadores situacionistas. Assim era a Politeia!
Prestando uma atenção maior e conseguindo identificar rostos nos cartazes, vi que num deles, o do PNSTB (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Brasileiros), estava impresso o do velho José Ribamar Calheiros (JRC), ladeado por um gorducho e retocado retrato de uma senhora, candidata à reeleição, de nome Estela Dilma.
Quem diria, o velho JRC, comunista, anarquista, integralista, getulista, udenista, lacerdista, jucelinista, brizolista, arenista, hoje, Nacional Socialista!
“COM DILMA, GARANTE JOTAERRECÊ: CONTINUA A BOLSA PRÁ VOCÊ”
Aquela candidata, para mim afastado da cidade por tanto tempo, era-me totalmente desconhecida, mas eu estava chegando e ao encontrar os velhos companheiros de infância, eles iriam me colocar na Politeia do terceiro milênio.
Pesquisando na internet, descobri que o lugar mais badalado da cidade era o BAR TOP-TOP, de propriedade de um tal de Marcus Aurelius. Com esse nome e num lugar tão pequenino, o dono só pode ser aquele guri ladino, muito fedido, que não gostava de tomar banho, afeito às espertezas e metido a intelectual.
Chegando ao TOP-TOP encontrei um clima de festa, de imediato reconheci Renan Sarney, de implante capilar novo, Presidente da Câmara Municipal; Rui Carcará, o “carancho” de infância, mui digno Presidente Nacional do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Brasileiros (PNSTB); e, Tarso Sogro, a “Viúva Porcina”, assim chamado, pois, na juventude, se dizia “guerrilheiro, sem nunca ter sido”.
Comemoravam a vitória de Estela Dilma. Mas quem era essa senhora?
Quem me tirou a dúvida foi o Eduardo Matarazzo, o Suplício. Cabe lembrar que o apelido lhe foi dado na infância, pois desde aquela época já era um suplício entender a sua maneira prolixa de responder a um ”como vai?”.
- Jacó, você esteve muito tempo afastado, as coisas mudaram muito por aqui. Lembra de Ignácio, aquele guri que decepou o dedo para não cortar cana e arrumar uma aposentadoria? Pois bem, como vagabundo do FHC, resolveu fazer carreira política, iniciando suas atividades no sindicato local.
- Seu primeiro alvo foi seu tio João da Silva, lembra? Presidente do Sindicato dos Cortadores de Cana e pai do casal Povo e Massa. Povo cresceu muito e todos lhe tratam por Povão. Tem tentado melhorar de vida, mas, muito simplório, é facilmente enganado; e, Massa, alienada, cada dia está mais desligada, segue sua vida sem ambições, contentando-se de viver à custa das diversas bolsas do governo.
- Ignácio venceu o tio, após uma campanha baseada na desconstrução de João da Silva e muitas promessas descabidas. Para isso, engabelou o Povão e, para a Massa, sempre tangida como gado, acenou com a possibilidade de mais uma bolsa, a oitava ou nona.
- Ignácio passou a liderar a política local e construiu laboriosas alianças e parcerias com os donos do poder econômico. assim JRC, Renan Sarney, Fernando Descolorido, Homero Jucá, Saulo Salim, Jáder Barbado e muitos outros. Durante anos dirigiu o sindicato sem nenhuma oposição.
- Contando com a assessoria do Franklin, o Ilusionista, e do João Banana, elegeu-se prefeito por duas vezes e, após oito anos de mandato, lançou sua chefe da casa civil, experiente administradora de uma lojinha de um e noventa e nove, como sua sucessora. Venceu em 2010 e agora repete a dose.
- Estela se diz “guerrilheira”, mas na verdade, era mesmo uma “bundona”. Coisas do passado, deixa prá lá. O que importa mesmo é que a farra continua.
- Vamos colocar em prática todas as nossas idéias e respeitar todas as nossas promessas de campanha.
E assim foi feito:
No 1º dia pós-eleição: 
Zé Dirceu e Pizzolato são libertados.
No 2º dia pós-eleição: 
O preço dos caças suecos “sofrem” um reajuste de 1 bilhão de DOLÁRES; Rui Falcão volta a falar sobre o controle da mídia e a necessidade de acabar com o Bolsa-Família; ministro de Maduro, que veio ajudar a treinar o MST,  consulta-se no Sírio-Libanês e sua babá é presa com arma de fogo; sai a notícia que até 70% dos Servidores MUNICIPAIS do PIAUÍ podem ficar sem 13º salário por conta de diminuição dos repasses federais; e, descobre-se que o site de petições AVAAZ é controlado pelo PT.
No 3º dia pós-eleição: 
Tomadas iniciativas para aumentar o controle da Presidência da República sobre a Polícia Federal e as Polícias Estaduais; anunciado mais investimentos em Cuba (industria farmacêutica); ANEEL informa reajuste nas contas de energia na região N em até 54%; Lula anuncia sua candidatura para 2018; a Nação toma conhecimento que quase MIL funcionários da Prefeitura de Ilhéus recebiam Bolsa-Família para trabalharem para o PT, durante as eleições; e, adiado para novembro o anúncio de que o desmatamento da Amazônia teve alta de 191%, entre agosto e setembro de 2014.
No 4º dia pós-eleição: 
Jornalistas “especulam” que Sarney será convidado para ser Ministro da Cultura; taxa SELIC sobe e Brasil torna-se o país com maior taxa REAL do mund; Governo aumenta a Gasolina em 6,6% e o Diesel em 5,4%; Ministros são intimados a depor na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, Geller da Agricultura, dará esclarecimentos sobre o controle de qualidade de vacinas contra a febre aftosa, e Lobão, Minas e Energia, sobre a venda de 51% das Centrais Elétricas de Goiás à Eletrobrás; taxa do cheque especial tem alta de até 183% ao ano; Dilma, explorando os milicos, tira férias com família em litoral paradisíaco na Bahia; PSOL apresenta projeto para recriar conselhos populares; Aumento de 224%da taxa de iluminação pública em Pernambuco!
No 5º dia pós-eleição: 
Déficit do Tesouro Nacional chega a R$ 20,4 BILHÕES em setembro; PT faz lobby contra indicação de Ministro da Fazenda técnico; PF realiza operação para conter fraude da previdência, por PTistas, estimada em R$ 40 milhões; Governo deixou de investir R$ 131 BILHÕES em Saúde aprovadas no orçamento; e, Fornecedores da Petrobrás repassaram R$ 206 milhões a firmas de fachada do doleiro Youssef!
Alguma dúvida do que farão daqui para frente?
(*) Jacornélio é um descrente do nacional socialismo petista. Anti-bolivariano convicto. Detesta o índio cocaleiro e ficou com pena do Coronel de Artilharia, atualmente na função de Adido Militar na Venezuela, pela saia justa que ficou ao ter que, diplomaticamente, participar daquela palhaçada que foi o pronunciamento do Maduro para as suas vacas de presépio (fardadas). Há muito eu não via algo tão ridículo. Só na Coréia do Norte.
Lembrando:
1) Quanto maior a altura do quepe, mais “chulé” serão suas Forças Armadas.
2) O PT nos dividiu pela mentira, pela cor, pelas bolsas, e demais imbecilidades do “politicamente correto”. Qual o preço que esta Nação terá que pagar para se unir novamente?
Revisão: Paul World Spin (in memorian)
Limpe a politica deste País, denunciando a corrupção de um petralha. O Brasil agradece!