quarta-feira, 19 de agosto de 2015

DESPERDIÇANDO A ESPERANÇA



Em menos de oito meses o Brasil saiu à rua pela terceira vez. É muito para o primeiro ano de um governo. Não importa os números de participantes e sim a constância do evento. O diálogo travado entre as ruas e o governo parece à primeira vista um colóquio entre surdos.
A rua pede o impeachment da presidente, a mão firme contra a corrupção e o governo pede aos brasileiros que acreditem no país, que a crise logo passará e o país voltara a crescer.
Somente os historiadores e sociólogos do futuro saberão o desfecho deste quadro, no entanto podemos tentar vislumbrá-lo.
Talvez algo de novo esteja nascendo e o arcaico sistema de representatividade nacional não consiga absorvê-lo. Não é o governo que está em cheque e sim o sistema em sua totalidade.
Na verdade, a sociedade esgotou sua paciência com os atos de corrupção perpetrados neste país diuturnamente, com total desfaçatez e extremamente danosos, a ponto de se locupletar com bilhões, repito bilhões. O sistema representativo, como vimos, escandalizados, pela vitrine da operação Lava Jata se nutre desta seiva danosa, não tendo o mínimo interesse em extingui-lo. Em oito meses de protestos e o que de forma efetiva foi implementado. Nada, apenas medidas contra a corrupção foram apresentadas ao Congresso, e podem vagar por anos neste labirinto sem aprovação efetiva.
Como prova de que nada foi feito, existe a proposta do ministério público que pode ser acessada pelo endereço http://www.dezmedidas.mpf.mp.br/. , o qual busca assinaturas para ser apresentado em forma de projeto de lei de iniciativa popular. Encontram-se aí propostas para tornar a corrupção crime hediondo; buscar celeridade nas ações de improbidade administrativa; responsabilização dos partidos políticos e criminalização do caixa 2; prisão preventiva para evitar a dissipação do dinheiro desviado; recuperação do lucro derivado do crime; reforma no sistema de prescrição pena; criminalização do enriquecimento ilícito de agentes públicos; prevenção à corrupção, transparência e proteção à fonte de informação, entre outras.
Outra constatação de suma importância é que a população não tolera mais pagar imposto no montante de 36% do PIB e receber péssimos serviços públicos de saúde, educação, segurança, entre outros. Além disso, a gastança do Estado abate o ímpeto de progresso da sociedade. Com os gastos públicos crescendo de forma exponencial, o Estado brasileiro não cabe mais no PIB.
A conta ficou alta, os erros de gestão levaram o país a uma enorme crise econômica, a inflação aumentou, os juros aumentaram, a crise política se estabeleceu, o TCU e o TSE podem colocar pedras no caminho da presidente. 
Mesmo assim o sol nasce límpido no céu azul deste país continental, abençoado por Deus e bonito por natureza, e nós nos perguntamos, por que tanto sofrimento em um país com tantas potencialidades. Por que, meu Deus, permite vós que vivamos desperdiçando a esperança?