Em menos de oito meses o Brasil saiu à rua
pela terceira vez. É muito para o primeiro ano de um governo. Não
importa os números de participantes e sim a constância do evento. O
diálogo travado entre as ruas e o governo parece à primeira vista um
colóquio entre surdos.
A rua pede o impeachment da presidente, a
mão firme contra a corrupção e o governo pede aos brasileiros que
acreditem no país, que a crise logo passará e o país voltara a crescer.
Somente os historiadores e sociólogos do futuro saberão o desfecho deste quadro, no entanto podemos tentar vislumbrá-lo.
Talvez algo de novo esteja nascendo e o arcaico sistema de
representatividade nacional não consiga absorvê-lo. Não é o governo que
está em cheque e sim o sistema em sua totalidade.
Na verdade, a
sociedade esgotou sua paciência com os atos de corrupção perpetrados
neste país diuturnamente, com total desfaçatez e extremamente danosos, a
ponto de se locupletar com bilhões, repito bilhões. O sistema
representativo, como vimos, escandalizados, pela vitrine da operação
Lava Jata se nutre desta seiva danosa, não tendo o mínimo interesse em
extingui-lo. Em oito meses de protestos e o que de forma efetiva foi
implementado. Nada, apenas medidas contra a corrupção foram apresentadas
ao Congresso, e podem vagar por anos neste labirinto sem aprovação
efetiva.
Como prova de que nada foi feito, existe a proposta do ministério público que pode ser acessada pelo endereço http://www.dezmedidas.mpf.mp.br/.
, o qual busca assinaturas para ser apresentado em forma de projeto de
lei de iniciativa popular. Encontram-se aí propostas para tornar a
corrupção crime hediondo; buscar celeridade nas ações de improbidade
administrativa; responsabilização dos partidos políticos e
criminalização do caixa 2; prisão preventiva para evitar a dissipação do
dinheiro desviado; recuperação do lucro derivado do crime; reforma no
sistema de prescrição pena; criminalização do enriquecimento ilícito de
agentes públicos; prevenção à corrupção, transparência e proteção à
fonte de informação, entre outras.
Outra constatação de suma
importância é que a população não tolera mais pagar imposto no montante
de 36% do PIB e receber péssimos serviços públicos de saúde, educação,
segurança, entre outros. Além disso, a gastança do Estado abate o ímpeto
de progresso da sociedade. Com os gastos públicos crescendo de forma
exponencial, o Estado brasileiro não cabe mais no PIB.
A conta ficou
alta, os erros de gestão levaram o país a uma enorme crise econômica, a
inflação aumentou, os juros aumentaram, a crise política se
estabeleceu, o TCU e o TSE podem colocar pedras no caminho da
presidente.
Mesmo assim o sol nasce límpido no céu azul deste país
continental, abençoado por Deus e bonito por natureza, e nós nos
perguntamos, por que tanto sofrimento em um país com tantas
potencialidades. Por que, meu Deus, permite vós que vivamos
desperdiçando a esperança?