segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Noite e dia

Noite

Molhando os pés na beira-mar, fixei os olhos nas estrelas,
por momentos viajei, desejando perder-me na imensidão do mar.
Fui tocada pela brisa, que me quis levar,
esvaziou o meu ser, entregou-me ao luar.
Em adiantadas horas já não era eu, mas outra qualquer.
Transformada pelas estrelas, que se bebem com água.
 agitada pelas luzes da cidade
As ruas tornam-se iguais num espectáculo de luzes.
Ouço o barulho dos copos nas mãos dos bêbados.
O aroma dos charros paira no ar.
Olhos brilhantes percorrem as estradas, levando a beleza a portas de discotecas.
A beleza nas discotecas, evapora-se na luz do Sol.
Tudo na noite é superficial.
Aprisionei a mente na agitação da noite,
quis sentar-me nas estrelas e vislumbrar a cidade.
Senti-me acompanhada dentro da solidão,

rasgada por estrelas cadentes que atravessam a escuridão.
Pensei sonhar acordada, por fim adormeci.

Dia

As dores possuem a cabeça,
a má-disposição acorda a realidade.
No dia vive-se a verdade,
repleta de solidão e tristeza.
Na ausência das estrelas, tudo se tornou vazio.
O céu opaco de fartas nuvens,
pode conter arco-íris mas não tem cor.
A cidade abstrai-se de qualquer encanto ou magia.
Olhares atentos em janelas,
dão vida a línguas murmuradoras que contam tudo o que vêem.
Os meus olhos lembram-se daquilo que não têm,
lamentando lágrimas de tristeza profunda.
Carros enchem as estradas, as ruas tresandam a lixo.
As camas enchem-se de ressaca,
no realismo de um mundo feio e sem nexo.
A mente habita-se de pensamentos paranóicos,
Ansiando pelo fim do dia

Nenhum comentário:

Postar um comentário